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Metalúrgico abandona profissão para se dedicar aos queijos finos de cabra. As iguarias são produzidas artesanalmente no sítio São Francisco, em Itaverava

O início de um sonho

O casal adquiriu o Sítio São Francisco, no Distrito Monsenhor Izidro, em Itaverava, região central de Minas Gerais, há cerca de 15 anos. No início, a propriedade não tinha estrutura para criar gado leiteiro, o que levou Alisson e Rosimere a optarem pela criação de cabras. A primeira cabra chegou para suprir o consumo familiar de leite e queijo, mas o encanto pelos animais cresceu rapidamente. Em pouco tempo, o pequeno rebanho aumentou para cinco cabras, com uma produção de 10 litros de leite diários, muito acima da necessidade da família. Foi nesse momento que surgiu a ideia de produzir queijos para vender.

Uma mudança radical

Em 2016, a paixão pela caprinocultura levou Alisson e Rosimere a tomarem uma decisão corajosa: abandonar seus empregos para se dedicarem integralmente à produção de queijos finos de cabra. Alisson passou a se especializar no processamento do leite, maturação dos queijos e embalagem, enquanto Rosimere assumiu a comercialização, vendendo os produtos em feiras, eventos agropecuários e por meio de plataformas online. Para atender à demanda crescente, o casal contratou três funcionários que auxiliam no manejo do rebanho, que hoje conta com mais de 70 cabras da raça Saanen, conhecida por sua alta produtividade leiteira.

O apoio técnico e os desafios da profissionalização

A transição para uma agroindústria familiar exigiu adequações estruturais e burocráticas. Com o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Alisson e Rosimere implementaram melhorias na produção de leite, na alimentação do rebanho e na legalização da agroindústria.

Luiz Carlos de Araújo, extensionista da Emater-MG, explica que foi necessário ajustar toda a estrutura produtiva, desde a obtenção da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) até o registro sanitário junto ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). "A produção de queijos finos de cabra é uma verdadeira arte e requer um conhecimento aprofundado sobre o manejo do leite e o processamento dos queijos. É uma atividade que demanda dedicação e estudo, mas que possui um alto valor agregado", destaca Araújo.

Produção artesanal e prêmios

Atualmente, os sete tipos de queijos maturados D’Chèvre são fabricados artesanalmente na agroindústria instalada na propriedade, combinando as tradicionais técnicas francesas de queijaria com a identidade mineira. O diferencial está na maturação, realizada em caves de pedra-sabão, um material característico da região, que confere um sabor e textura especiais aos produtos. A qualidade dos queijos já rendeu diversas premiações em concursos nacionais e internacionais, reforçando a excelência da produção.

Desafios e planos para o futuro

Apesar do sucesso, o setor de laticínios caprinos enfrenta desafios, principalmente em relação aos custos de produção e à escassez de mão de obra qualificada. O objetivo da família para os próximos anos é tornar a propriedade ainda mais autossustentável, mantendo o modelo de agricultura familiar e investindo em melhorias na produção.

Alisson destaca que, além de oferecer produtos diferenciados para um público exigente, a meta é ampliar a distribuição e obter o registro sanitário que permita a comercialização dos queijos em todo o Brasil. "Nosso objetivo é continuar produzindo queijos de altíssima qualidade, mantendo a tradição artesanal e ampliando o alcance dos nossos produtos. Acreditamos que a gastronomia mineira pode se beneficiar muito dos queijos finos de cabra, e queremos levar essa experiência a mais pessoas", conclui.

Um exemplo de reinvenção

A história do casal Hauck mostra que é possível transformar paixão em um negócio bem-sucedido, mesmo em um setor desafiador. Com perseverança, qualificação e apoio técnico, eles deixaram para trás a vida urbana e conquistaram reconhecimento no universo dos queijos artesanais. O Sítio São Francisco, hoje, é um exemplo de como a produção rural pode ser sofisticada, sustentável e altamente rentável, mantendo-se fiel às raízes da agricultura familiar.

Assessoria de Comunicação da Emater-MG